
Carlitos, um vagabundo pobre, passa a cuidar de uma criança abandonada, mas os acontecimentos e infortúnios colocam essa relação em perigo.
“A Picture with a smile – and perhaps, a tear”. É assim que o genial CHARLES CHAPLIN (aqui creditado como CHARLIE - e também em outras fitas)
começa o seu filme, uma comédia com um sorriso – e talvez, uma lágrima. Para contar a história de uma mãe EDNA PURVIANCE (1895-1958) que acaba de sair de um hospital de caridade, sozinha e desesperada, abandona o bebê em um carro de luxo. Mas, o carro é roubado. Os ladrões também abandonam a criança e a jogam numa lata de lixo. Por ali passava Carlitos, o querido e notável vagabundo, que resgata o bebê. Assim, ele acaba fazendo um lar para o rebento e decide criá-lo. Cinco anos mais tarde, a mãe, Edna tornou-se uma estrela da ópera e obviamente esta arrependida por ter abandonado seu único filho e para tentar apagar a dor ou culpa faz trabalhos de caridade para jovens da favela e, claro, na esperança de encontrar o seu garoto.
Muitos encontros e desencontros nesta comédia dramática, um clássico do cinema mudo e Chaplin em sua melhor forma. Ele faz do filme a sua marca registrada pantomima e, ensina na ficção e fora da tela as artimanhas ao jovem garoto JACKIE ou JACK COOGAN (1914- 1984). Coogan foi a primeira estrela mirim da história do cinema a ganhar fama mundial, sem contar que dentre todos os coadjuvantes de Chaplin, Coogan foi o que mais demonstrou simpatia e semelhança, sem contar na química fantástica e no timing entre os dois e, na forma como o garoto acompanha Chaplin nas aventuras.
Evidente que o vagabundo ensina ao moleque em como sobreviver e se dar bem no mundo hostil em que viveram, em meio à pobreza do início do século XX (uma crítica presente e fervorosa no cinema Chapliano). Marginalizados pela sociedade e com muito bom humor, Carlitos faz do garoto um perfeito espertinho, armando muita confusão, como por exemplo, para ganhar alguns trocados usa o menino e o faz quebrar vidraças jogando pedras a fim de receber dinheiro em troca pelo concerto. Há momentos agradáveis e inesquecíveis, poxemplo, quando Carlitos lê a carta de abandono da mãe sentado com a criança no colo numa calçada, ou quando tenta se livrar do bebê colocando em outro carrinho de uma senhora com uma criança que por ali passava e até mesmo dando-o de presente para um mendigo, se escondendo e dando de cara com um vigia policial nas sujas vielas da terceira classe. Certamente é divertido observar, sem ouvir sequer uma só palavra, apenas gestos e mímicas do vagabundo. Mas minha cena mais predileta (entre tantas) é no momento em que Carlitos faz de seu muquifo uma casa aconchegante para o menino e dando leite para ele em um bule!
Mas nada comparável as cenas geniais do garoto prodígio, o protegido de Chaplin, Coogan, que sabe fazer lindamente as cenas de travessuras, não tem como não se encantar com ele se preparando para atirar outra pedra na vidraça e chega o guarda bem na hora e a carinha que ele faz tentando disfarçar a traquinagem.
A montagem e trilha musical são perfeitas, magistralmente sincronizados. Como em outras obras mudas do cineasta, por exemplo; EM BUSCA DO OURO (1925) ou O CIRCO (1928). Chaplin faz de O GAROTO uma pantomima soberba e, que se destaca pelo fato se ser uma história mais intimista e sem tantos recursos técnicos e no script (as mudanças de tempo, com efeito, cortina fechando em círculos) ou cenas de ação. É um perfeito balê sem voz com momentos antológicos. Só para ilustrar, a cena de perseguição desta fita, uma das melhores sequências do cinema mudo, quando o juizado tenta lhe tirar a criança e a levam forçada para o orfanato, persuadido por um policial, o juiz e o motorista, Carlitos luta bravamente com esses homens para ficar com o garoto, sai pelo telhado de seu barraco e sai fugido, salta no carro em movimento e abraça o menino e lhe da um paternal beijo, uma das cenas mais arrepiantes que já assisti, de tão emocionante. E tudo isso com um lindo background sinfônico.
A partir daí o filme oscila cada vez mais, ora engraçado, ora dramático e Edna, a mãe, finalmente descobre a verdade de que aquele garotinho apadrinhado por um vagabundo, é na verdade o seu filho desaparecido. É um filme simples e com surpresas agradáveis, como quando Carlitos sonha que o mundo onde vive é um paraíso, uma das melhores sátiras sociais que Chaplin já realizou, e fazendo as platéias rirem e chorarem sem dizer uma só palavra.

começa o seu filme, uma comédia com um sorriso – e talvez, uma lágrima. Para contar a história de uma mãe EDNA PURVIANCE (1895-1958) que acaba de sair de um hospital de caridade, sozinha e desesperada, abandona o bebê em um carro de luxo. Mas, o carro é roubado. Os ladrões também abandonam a criança e a jogam numa lata de lixo. Por ali passava Carlitos, o querido e notável vagabundo, que resgata o bebê. Assim, ele acaba fazendo um lar para o rebento e decide criá-lo. Cinco anos mais tarde, a mãe, Edna tornou-se uma estrela da ópera e obviamente esta arrependida por ter abandonado seu único filho e para tentar apagar a dor ou culpa faz trabalhos de caridade para jovens da favela e, claro, na esperança de encontrar o seu garoto.


Mas nada comparável as cenas geniais do garoto prodígio, o protegido de Chaplin, Coogan, que sabe fazer lindamente as cenas de travessuras, não tem como não se encantar com ele se preparando para atirar outra pedra na vidraça e chega o guarda bem na hora e a carinha que ele faz tentando disfarçar a traquinagem.
A montagem e trilha musical são perfeitas, magistralmente sincronizados. Como em outras obras mudas do cineasta, por exemplo; EM BUSCA DO OURO (1925) ou O CIRCO (1928). Chaplin faz de O GAROTO uma pantomima soberba e, que se destaca pelo fato se ser uma história mais intimista e sem tantos recursos técnicos e no script (as mudanças de tempo, com efeito, cortina fechando em círculos) ou cenas de ação. É um perfeito balê sem voz com momentos antológicos. Só para ilustrar, a cena de perseguição desta fita, uma das melhores sequências do cinema mudo, quando o juizado tenta lhe tirar a criança e a levam forçada para o orfanato, persuadido por um policial, o juiz e o motorista, Carlitos luta bravamente com esses homens para ficar com o garoto, sai pelo telhado de seu barraco e sai fugido, salta no carro em movimento e abraça o menino e lhe da um paternal beijo, uma das cenas mais arrepiantes que já assisti, de tão emocionante. E tudo isso com um lindo background sinfônico.


EUA-1921
COMÉDIA/DRAMA
FULLSCREEN/STANDARD
68 min. P&B/LIVRE
WARNER – COLEÇÃO CHAPLIN
✩✩✩✩✩ EXCELENTE
_____
CHARLES CHAPLIN
EM:
“THE KID”
CO-ESTRELANDO: CARL MILLER. EDNA PURVIANCE
JACKIE COOGAN como o Garoto E CHARLES CHAPLIN "Um vagabundo"
Fotografado por R. H. TOTHEROH
Música de CHARLES CHAPLIN Direção de Arte CHARLES D. HALL
Músico associado ERIC JAMES
Música conduzida e orquestrada por ERIC ROGERS
Escrito, produzido e dirigido por CHARLES CHAPLIN
FIRST NATIONAL PICTURES © 1921 Charles Chaplin Productions

No comments:
Post a Comment