Wednesday, November 9, 2011

ALIEN ™ | QUADRILOGIA PARTE 1



ALIEN, o 8º passageiro dirigido por RIDLEY SCOTT (Gladiador, Blade Runner) estabeleceu o elemento chave de filme sci- fiction com terror B. Embora na história do cinema haja obras como O MONSTRO DO ÁRTICO (1951) de Howard Hawks ou O MONSTRO LA LAGOA NEGRA (1954) de Jack Arnold, clássicos que já hibridizavam ficção-científica com terror. Mas, Alien foi a fita que fez com mais elegância e estilo, e que certamente, foi o filme que catapultou esta ótima mistura de gêneros.

Todos comentam a cena que a criatura sai do peito de JOHN HURT e como este momento é o mais gore e aterrador da obra. Ou mesmo das cenas sombrias e claustrofóbicas na nave com a ótima SIGOURNEY WEAVER em seu primeiro filme (fez uma ponta como figurante no clássico de Woody Allen: Annie Hall).


Provavelmente filmes sobre viagens espaciais e fantásticas aventuras nas estrelas são os mais celebrados entre os aficionados e cinéfilos e, fitas como esta, existem desde os tempos do cinema mudo. Na verdade o clássico de Méliès VIAGEM A LUA (1902) baseado na obra de Julio Verne é o primeiro filme que explora na mídia, esta fascinação pelo espaço além Terra. Certamente poucos tiveram o sucesso de 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO do mestre Kubrick (apesar de estéril e difícil) e STAR WARS a fantástica criação à La Flash Gordon de George Lucas, que em 1977 causou um impacto na bilheteria sendo o filme mais lucrativo de todos os tempos. Por isso que pareceu óbvio para os executivos de estúdio que filmes com este tema fossem os mais rentáveis. Não demorou muito para a FOX procurar outro projeto com cheiro de sucesso como foi com Star Wars. Outra obra, a de Steven Spielberg (CONTATOS IMEDIATOS DO 3º GRAU), também fazia sucesso, no entanto, de repente, surge um encontro de terceiro grau de congelar o sangue. Um filme cujo roteirista DAN O´BANNON (conhecido por ter criado a comédia dos mortos-vivos de Romero que pedem cérebros) disse ao público: “Eu os desafio a ver Alien até o final”. O´Bannon havia pensado na idéia muito antes do sucesso de Lucas. Isso ocorrera quando ele trabalhava com o diretor e colega de faculdade, John Carpenter (criador do Halloween) em uma fita de comédia que não deu muito certo, chamada DARK STAR (1974) uma sátira espacial. No filme ele foi co-diretor (com Carpenter), co-roteirista, diretor de arte, montador e coordenador de efeitos visuais. Ou seja, um cara que no começo da carreira (dirigiu sozinho A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS, 1985 um filme tão divertido quanto assustador) tinha talento. Para conceber Alien contou com a ajuda do produtor e roteirista RONALD SHUSETT (que produziu Minority Report e algumas outras fitas do gênero) que depois com ele, faria O VINGADOR DO FUTURO (Total Recall da obra de Phillip K. Dick do diretor Paul Verhoeven). Assim sendo, ambos resolvem se ajudar nos dois projetos de ficção-científica. Mas como O Vingador Do Futuro era muito caro para a época, resolvem trabalhar em Alien primeiro. Escreveram a espinha dorsal da premissa: Alien é sobre um grupo de astronautas mineradores que estão voltando para casa e recebem um pedido de SOS em um planeta desconhecido. Eles resolvem averiguar e interceptar a mensagem. A nave quebra, três deles vão pessoalmente até o local alienígena, e um deles, acaba sendo “estuprado” / “engravidado” por um hospedeiro que sai de um ovo nojento e depois salta do peito da vítima, uma criatura hostil, que sai matando todos os outros seis tripulantes dentro de uma nave que navega no espaço. Isso chamou a atenção da Fox querendo produzir rapidamente o sucessor de Star Wars e redefinir o tipo de filme.



Depois que o roteiro virou um projeto, outros cineastas entraram e reescreveram a trama, o que chateou O´Bannon que quase não foi creditado. Isso porque o roteiro foi considerado ruim, isto é, com diálogos péssimos e perfis de personagens degradantes daquele tipo de filme barato de terror, salvo apenas pela idéia central. Portanto um dos produtores e também diretor de cinema WALTER WILL (de fitas como 48 HORAS) e mais o produtor DAVID GILER acrescentaram na trama o plot do robô Ash (IAN HOLM) que tenta proteger o monstro e o mais importante, a heroína RIPLEY (que no primeiro esboço do script era um homem). Em outras palavras, a história não era mais um filme estilo Roger Corman, e sim algo mais perto dos filmes de Cecil B. DeMille, por exemplo. O que ajudou a criar a lenda e o clássico chamado ALIEN. Provavelmente quando um filme recebe tantos créditos de pessoas de todas as partes que acrescentam uma idéia incrível, o resultado é sempre um filme que marca gerações.

O problema de O´Bannon é que ele achava que o filme era só dele: “Quando vi a fila fazendo volta no Egyptian Theatre eu flutuei...era uma fila para Alien? Meu filme”! Por isso sua carreira não decolou. Mesmo quando RIDLEY SCOTT assumiu a direção e se concentrava para criar o visual do filme, O´Bannon opinava em cada detalhe. Queria ver diariamente os copiões da fita etc. O cara não assinou contrato para tal e não tinha (dentro da lei) poder para fazer o trabalho do diretor. Porém, sem notar e querendo ajuda, foi Scott com o seu imenso prazer em compartilhar idéias que deu carta branca para O´Bannon, que abusou. Aliás, Ridley Scott merece todo o crédito maior por ter realizado o filme. Foi o seu segundo longa metragem, um feito único e original, inimitável. Scott recebeu o convite da Fox depois que o belo OS DUELISTAS (1977) fez sucesso e ganhou prêmio importante em CANNES. O visual desta fita chamou atenção, o que o fez dirigir o projeto e ultrapassar as expectativas.

Os cenários (sets) eram grandiosos, assim como os modelos de maquete e todo o departamento de luz, som e efeitos especiais. Mas nada como o trabalho do artista plástico H. R. GIGER responsável por todo o visual do Alien, de todo o planeta alienígena e tudo relacionado ao monstro, como os famosos ovos. O conceito veio das ilustrações de Giger chamado "NECRONOMICON". As pinturas e ilustrações eram extremamente bizarras e com conotações sexuais. Podia notar no planeta alien formatos de vaginas e pênis gigantes que também eram relacionados a morte em meio a um universo gótico. Portanto, comparações com o universo de Star Wars seria totalmente implausível. Foi o trabalho de Giger que deu mais visão e originalidade ao filme.
O elenco os chamados “caminhoneiros do espaço” foi lindamente preenchido. Todos acertam. Além da futura estrela Weaver e dos ótimos Hurt como Kane (o cara que morre dando a luz ao alien) e Holm como o andróide humano, TOM SKERITT faz o “general” do grupo, o mocinho herói e líder. VERONICA CARTWRIGHT (de filmes como OS PÁSSAROS de Hitchcock, 1963) faz a segunda mulher que representa a histeria e o medo da platéia e a dupla HARRY DEAN STANTON, que ficou conhecido por outra famosa cena cortada da versão original (em que o Alien o mata sobre umas correntes – observada pelo gato) e o negro YAPHET KOTTO (vilão do filme de James Bond – 007 Viva E Deixe Morrer, 1972) como Parker, que representa o humor do filme e protege as mulheres quando é o último sobrevivente masculino. Torcemos por ele. Essa turma não vestia trajes espaciais o tempo todo (só quando era para pousar em um planeta estranho). Nada de vestimentas estilo NASA, mas sim jeans, camisetas, tênis e bonés de beisebol, além de fumarem muito. Era a primeira vez que o cinema mostrava pessoas descoladas e esportivas, com papos típicos de “um grupo do bolinha” que soavam machistas. Eram pessoas normais do século XX em um futuro desconhecido. Isso já deixa o filme mais interessante e na hora do Alien atacar a todos, vê-los correr pelos corredores espaciais vestidos de caminhoneiros, era algo que se destacava muito. Não há como negar que todo o visual da fita é um trabalho primoroso de Scott e equipe. Também os efeitos de fumaça, aquela atmosfera que esconde os supostos “defeitos de arte” que deixava as coisas menos verossímeis (causado pelo tempo e orçamento apertado) e o mais importante, saber trabalhar o Alien e não revelar demais o bicho. Esta estréia de Scott em Hollywood pode ser comparada com o primeiro sucesso de Spielberg. Sim, TUBARÃO e ALIEN são fitas que tem muita coisa em comum quando eles criam um suspense inteligente em um veículo blockbuster, o melhor que cineastas como Spielberg e Scott poderiam fazer, afinal, creio que ambos estudaram a cartilha de Hitchcock em não mostrar explicitamente a ameaça e fazer com que o público use a imaginação. E como Scott é um mestre da contraluz (provou depois com Blade Runner), ele evita ser muito evidente com a fera espacial. Mas, ao mesmo tempo, usa nos takes certos, que mostra com maestria todo o trabalho de Giger, como a grande cabeça da criatura e pelo menos dois closes principais nos dentes e língua, onde saíam àquelas salivas ácidas. Quer dizer, o filme é extremamente visceral o que impressiona quando vemos o bicho saltando do peito espalhando sangue por todos os lados (a reação dos atores na cena é real porque não sabiam o que ia acontecer), os ovos e todo o design orgânico (de fazer vomitar) e principalmente o bicho que sai do ovo e planta a semente no indivíduo. Um trabalho magnífico que usa moluscos marítimos e fígados de animais que compõe o interior da coisa monstrenga, que parece um aracnídeo asqueroso que invade a nossa casa e quando vamos checar para ver se o matamos, ele se mexe. É nojento demais e dá o maior medo!
O filme é melhor que a encomenda. Ridley Scott consegue fazer algo que não poderia ser refeito. Por isso as continuações tomaram outras direções. Assim quando foi lançado, o sucesso e as reações das pessoas eram as melhores. Alguns saiam correndo do cinema, outros iam aos toaletes vomitar. Entre os primeiros fãs do filme estava JAMES CAMERON, então um novato da indústria cinematográfica, mas fadado a dirigir e escrever o segundo episódio da série ALIENS (1986). Cameron tinha apenas 24 anos quando Alien conquistava seus adeptos, e Cameron pensou que fosse o melhor filme de ficção científica-terror já feito até então. Ou assumidamente o filme sci-fic/scary. Esta fascinação de Cameron e público era pelo fato do filme trazer uma filosofia global, como afirmou Cameron, que influenciou a escolha do elenco, do figurino, da aparência dos cenários gastos, os sons de correntes, a água pingando, ou seja, detalhes que faziam as pessoas acreditarem que aquilo tudo era real. Por isso o visual do filme é algo tão fascinante.

O que Cameron fez na continuação foi realizar uma fita de ação, que nada tem a ver com o primeiro. Isso foi bom porque ALIENS parece outro filme que também fez sua história, acrescentando ação com terror e ficção-científica (embora o terror não seja o forte de Cameron). Infelizmente quando Alien se tornou série, o formato se desandou feio (o que é ALIENS VS. PREDADOR?). Outros cineastas de renome em início de carreira começaram na saga. DAVID FINCHER ( A REDE SOCIAL/CLUBE DA LUTA) faz o seu debut em ALIEN ³ (1992) e o cineasta francês JEAN-PIERRE JEUNET, realizador do adorável Cult O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN (2001) conclui o quarto capítulo na sua estréia em Hollywood com ALIEN: A RESSURREIÇÃO (1997). Mas nada comparável a primeira obra, que conseguiu fazer o público reagir perfeitamente
naquelas sessões escuras de 79.

ALIEN é um dos clássicos mais surpreendentes da década de 70. Visualmente belo e assustador. As melhores combinações da sétima arte e, provavelmente o melhor exemplo de filme de segunda linha que se transforma em uma caprichada produção que ajudou a redefinir a cinematografia. Sem exageros, de um jeito oi de outro a classe B disfarçada de classe A.



Foi lançado a versão do diretor Ridley Scott nos cinemas em 2003 com cenas adicionais o que deixa a viagem em Nostromo ainda mais angustiante. Felizmente eu pude ver esse relançamento no cinema!





TWENTIETH CENTURY FOX APRESENTA

UMA PRODUÇÃO BRANDYWINE
UM FILME DE RIDLEY SCOTT
A L I E N
Estrelando TOM SKERITT. SIGOURNEY WEAVER. VERONICA CARTWRIGHT.
HARRY DEAN STANTON. JOHN HURT. IAN HOLM e YAPHET KOTTO como PARKER
Co-estrelando:
Helen Horton como A VOZ DA NAVE MÃE e Bolaji Badejo como o ALIEN
Música de JERRY GOLDSMITH Diretor De Fotografia DEREK VANLINT
Montagem TERRY RAWLINGS Design de Produção MICHAEL SEYMOUR
Diretores De Arte ROGER CHRISTIAN. LESLIE DILLEY
Cenário IAN WHITTAKER Figurinos por JOHN MOLLO
Design do ALIEN por H. R. GIGER * Efeito do ALIEN por CARLOS RAMBALDI
Consultor Visual DAN O´BANNON Produtor Executivo RONALD SHUSETT
História de DAN O ´BANNON e RONALD SHUSETT Escrito por DAN O ´BANNON
Produzido por GORDON CARROLL. DAVID GILER e WALTER HILL
Dirigido por RIDLEY SCOTT
FOX FILM-BRANDYWINE ©1979



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