
Um grupo de nova-iorquinos se reúnem em um salão underground subterrâneo chamado “Shortbus” para orgias sexuais, arte, música e política.
Esta fita do jovem cineasta JOHN CAMERON MITCHELL que fez um filme chamado HEDWIG –ROCK, AMOR E TRAIÇÃO [2001] (na qual também foi ator), sobre uma garota punck rock transexual de Berlin Oriental que viaja com sua banda de rock para os EUA enquanto ela conta a sua trajetória de vida e do ex-namorado que roubou as suas canções, etc., era um filme até regular. É de Mitchell também a volta triunfante de NICOLE KIDMAN no pequeno RABBIT HOLE (recente produção indicada ao Oscar de atriz – “Reencontrando a Felicidade”), mas nada se compara a esta fita que passou até em Cannes e em outros Festivais de cinema contemplados. Com cenas de sexo explícito (mas também sem muitos planos ginecológicos) o filme pode causar repúdio total a algumas pessoas por acharem chocante demais e ou/ desnecessário para outros mais entendidos, que não se chocam com sexo de verdade nu e cru.
Eu pertenço ao grupo do “nem fede e nem cheira”. O filme é até “funny” com as cenas “fuck”, mas está longe de ser um filhote de TINTO BRASS, cult diretor italiano que realizou fitas soft-porn como o clássico CALÍGULA (com Malcolm McDowell e grande elenco de estrelas – apesar da fita de 1979 ser uma produção de Gore Vidal e direção de atores realizada por Bob Guccione e Giancarlo Lui e Bras tendo feito apenas a fotografia principal). Ou de outros trabalhos “pornôs com história” do mesmo diretor: MONELLA, A TRAVESSA (1998) ou TODAS AS MULHERES FAZEM (1992) e o até recente LUXÚRIA (2002).
SHORTBUS poderia ser mais interessante com este sexo todo, sem atalhos e verdadeiro, se tivesse uma premissa mais envolvente e não se ligasse apenas na comédia, quase pastelão de tão absurda e no melodrama vazio. As duas coisas chegam ao extremo da irritação.
O filme oscila no gozo contando a história de um grupo de pessoas da cidade de Nova York (pós 11 de setembro, ao que parece [risos]) que se reúnem em um clube exclusivo chamado Shorbus (é mesmo um “busão” apertado com muita “pegação”) para trabalhar [mais risos] as suas relações, problemas sexuais, vivendo novas experiências, e sempre das mais bizarras. É tão irônico que uma terapeuta sexual, a oriental sino-canadense SOOK-YIN LEE (que vive Sofia) não consegue ter um orgasmo, mesmo sendo perita no assunto e tendo transado aparentemente de todas as formas e posições com o marido (RAPHAEL BARKER) que obviamente fica frustrado achando que o problema é com ele e o seu pênis. Esta terapeuta atende um casal homossexual em que um deles, James (PAUL DAWSON – já no início do filme totalmente nu em uma banheira, sofrendo) esta em crise existencial e o parceiro, até simpático e fofo, Jamie (PJ DeBoy) um cara romântico e disposto a ajudar o parceiro, faz de tudo para manter o relacionamento aberto com outras pessoas – aberto para o sexo mesmo!
Têm também a história de uma dominadora sexual sado-masoquista, Severin (LINDSAY BEAMISH) carente de afeto, namorado, romance e até um sexo normal (dentro dos padrões clássicos papai e mamãe). É também sobre um voyeur (PETER STICKIES) que espia James e Jamie e sabe da vida alheia de ambos, mantendo uma relação super esquisita à la James Stewart (do clássico de Hitch Janela Indiscreta) e um gay carinhoso e passivo ( vivido por JAY BRANNAN que entra na relação sexual do casal gay acima). É todo este povo que se mistura loucamente neste clube particular em que uma banda com nome muito bacana “Bitch”, toca toda a noite enquanto todo mundo esta trepando. Tem até um velinho (ALLAN MANDELL) que é amigo de todo mundo lá, um ex-prefeito aidético. Ele só observa. O dono do clube é o próprio JUSTIN BOND, um gay bastante excêntrico.
O filme já começa com transas e caretas, a dominatrix batendo em um cliente rico que se masturba e jorra sêmen em um quadro repleto de cores abstratas que se misturam com o esperma, o rapaz gay enamorado e infeliz que pratica sexo oral em si mesmo e grava tudo (descobrimos depois que ele esta editando um filme caseiro para o namorado) e a terapeuta, fingindo orgasmos depois de várias posições com o marido e mentindo para ele sobre uma cliente (na verdade ela) que nunca teve prazer vaginal.
Mesmo com um roteiro irregular, Shortbus possui uma direção de arte caprichada e vários ambientes ( a estátua da liberdade apresentada de um jeito sexy após a titulagem principal), a cidade representada por maquete, usando efeitos de transições temporais,um salão de shows com apresentações burlescas (apela também mais para o universo gay masculino) e uma banda com vocalistas e músicos dos mais diferentes. O salão de sexo tem até uma fotografia boa, em que as pessoas estão fazendo sexo, se liberando em travesseiros e colchões e lá, vários voyeurs observam a orgia. Alguns para se inspirarem em alguma escrita e ou/ leitura e outros para estimulação sexual (mas no fim é só para realizar seu fetiche) este elenco é figuração e não tem um drama a contar.
Também há um quarto só para mulheres lésbicas, que discutem as suas relações e frustrações (quase não há muitas cenas homossexual feminino). O local, ao menos, é cercado de arte.
As pessoas assistem a documentários (um sobre Gertrude Stein em exibição), vídeoarte e várias outras coisas até broxantes.
A trilha musical é bem interessante, eu gosto. Toca várias músicas do folk e jazz e um pouco de rock. Isso ajuda em uma sessão que pode chegar a irritação com uma terapeuta que não consegue chegar ao clímax e vai ficando louca, usa um vibrador oval e sai dando porrada quando o marido acidentalmente mexe no controle remoto. Ou pior, o gay vazio que sofre e quer cometer suicídio, mesmo com um namorado super legal e mente aberta. Não gostei nem um pouco da caracterização e construção do perfil psicológico dos personagens, embora o filme tenha atores bonitos e até talentosos, não sabemos se estamos vendo algo interessante ou forçado. Interessante pela construção técnica e artística do filme e forçado nas condições dos personagens que culmina em “ejaculações escandalosas”.
Tudo bem é engraçado ver um ménage a trois gay em que o trio começa a cantar o hino nacional americano enquanto praticam sexo oral uns nos outros (o pênis de um vira microfone e o ânus do outro auto-falante) ou quando a terapeuta esta numa floresta procurando um local para se masturbar. Os efeitos digressivos deixam a narrativa óbvia demais, e aqui o filme debocha e despenca. 
Não vão assistir pensando que irá ter uma sessão privé-chique com Sylvia Kristel (da série Emmanuelle - das noites quentes do canal Bandeirantes), Shortbus é uma comédia dramática “XXX” com estilo mais explícito que caberia no canal Showtime que adora polemizar. De qualquer forma, o filme estreou em festivais especializados (passou até na Virada Cultural de São Paulo) e não foi direto para vídeo. Mitchell conseguiu levar seu filme a um "status", sem modéstia de grandeza, o que acho justo. É bom que num filme como este, democraticamente falando, esteve em competição. Ele não é uma porcaria, mas também não é obra prima.
De certa forma compactuo da afirmação de Mitchell quanto a pornografia no cinema (aqui vista assim) quando diz: “O sexo foi desvalorizado com a pornografia”. Ou seja, os filmes pornôs são fabricados para estimular as pessoas para o sexo e ponto (direto ao assunto um entregador de pizza não tem diálogo quando faz a entrega no apartamento de uma gostosa que também não fala) e o cinema de manipular pela antiga técnica e linguagem do filme (quando Michael Douglas esta transando na pia com Glenn Close em ATRAÇÃO FATAL) e aqui ele tentou (não conseguiu) ligar as duas coisas, isto é, o sexo filmado com seriedade envolto de uma manipulação mais profunda e emocional com os personagens. Na verdade eu perco o tempo dando risada e até ficando um pouco excitado quando vejo esta fita.
Não me envolvo mais dramaticamente como o faço em sessões mais célebres. Por exemplo, a fita com a espanhola PAZ VEGA: “Lúcia e o Sexo” (2001 – me excita mais e me envolve muito mais!)
Tudo aqui é meio bobinho apesar de uma veia artística por parte do diretor.
Se caso SHORTBUS não lhe servir para nada, ao menos se masturbe!

SHORTBUS poderia ser mais interessante com este sexo todo, sem atalhos e verdadeiro, se tivesse uma premissa mais envolvente e não se ligasse apenas na comédia, quase pastelão de tão absurda e no melodrama vazio. As duas coisas chegam ao extremo da irritação.


O filme já começa com transas e caretas, a dominatrix batendo em um cliente rico que se masturba e jorra sêmen em um quadro repleto de cores abstratas que se misturam com o esperma, o rapaz gay enamorado e infeliz que pratica sexo oral em si mesmo e grava tudo (descobrimos depois que ele esta editando um filme caseiro para o namorado) e a terapeuta, fingindo orgasmos depois de várias posições com o marido e mentindo para ele sobre uma cliente (na verdade ela) que nunca teve prazer vaginal.
Mesmo com um roteiro irregular, Shortbus possui uma direção de arte caprichada e vários ambientes ( a estátua da liberdade apresentada de um jeito sexy após a titulagem principal), a cidade representada por maquete, usando efeitos de transições temporais,um salão de shows com apresentações burlescas (apela também mais para o universo gay masculino) e uma banda com vocalistas e músicos dos mais diferentes. O salão de sexo tem até uma fotografia boa, em que as pessoas estão fazendo sexo, se liberando em travesseiros e colchões e lá, vários voyeurs observam a orgia. Alguns para se inspirarem em alguma escrita e ou/ leitura e outros para estimulação sexual (mas no fim é só para realizar seu fetiche) este elenco é figuração e não tem um drama a contar.


A trilha musical é bem interessante, eu gosto. Toca várias músicas do folk e jazz e um pouco de rock. Isso ajuda em uma sessão que pode chegar a irritação com uma terapeuta que não consegue chegar ao clímax e vai ficando louca, usa um vibrador oval e sai dando porrada quando o marido acidentalmente mexe no controle remoto. Ou pior, o gay vazio que sofre e quer cometer suicídio, mesmo com um namorado super legal e mente aberta. Não gostei nem um pouco da caracterização e construção do perfil psicológico dos personagens, embora o filme tenha atores bonitos e até talentosos, não sabemos se estamos vendo algo interessante ou forçado. Interessante pela construção técnica e artística do filme e forçado nas condições dos personagens que culmina em “ejaculações escandalosas”.





Tudo aqui é meio bobinho apesar de uma veia artística por parte do diretor.
Se caso SHORTBUS não lhe servir para nada, ao menos se masturbe!

EUA- 2006
COMÉDIA DRAMÁTICA
101 min.
COR
FULLSCREEN
18 ANOS
Disponível em DVD pelo Filmes Da Mostra (Brasil)
Canadá/EUA pela TRINK FILM
✩✩ REGULAR
_____
FORTISSIMO FILMES APRESENTA
EM ASSOCIAÇÃO COM Q TELEVISION
UMA PRODUÇÃO PROCESS
SHORTBUS
UM FILME DE JOHN CAMERON MITCHELL
COM: SOOK-YIN LEE. PAUL DAWSON. LINDSAY BEAMISH
P.J. DeBOY. RAPHAEL BARKER. PETER STICKIES. JAY BRANNAN
ALLAN MANDELL. JUSTIN BOND. ADAM HARDMAN. RAY RIVAS
Co-estrelando BITCH. SHANTI CARSON. JUSTIN HAGAN. JAN HILLER
MÚSICA ORIGINAL POR: YO LA TANGO
Fotografia de FRANK G. DeMARCO Edição BRIAN A. KATES
Design de Produção JODY ASNES Cenários SARAH E. McMILLAN
Figurinos por KURT E BART Co-produção PAMELA HIRSCH
PRODUZIDO POR HOWARD GERTLER. JOHN CAMERON MITCHELL.TIM PERELL
Escrito e Dirigido por
JOHN CAMERON MITCHELL

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