
Um menino-robô anseia em tornar-se um menino de verdade, como o Pinóquio, para recuperar o amor de sua mãe humana. Baseado no conto de BRIAN ALDISS “Superbrinquedos Duram o Verão Todo.”


David ama somente Monica. As mudanças começam radicalmente na presença do menino real que trata o menino-robô como um superbrinquedo, apenas. Isso culmina em uma competição entre irmãos para chamar a atenção da mãe que obviamente sempre atenderá ao filho de verdade. Assim os problemas de David e sua jornada para se tornar um menino de verdade começam. A partir do segundo ato é que o filme fica ainda mais interessante. Depois de ouvir de Monica a fábula do menino de madeira (inspiração assumida para esta estória) Pinóquio, clássico de Carlo Collodi, David, de maneira inocente, cria a fantasia de que se ele pudesse localizar a fada azul e lhe pedisse para se tornar em um menino de verdade, sua mãe finalmente pudesse amá-lo. Depois o filme explica que além da faceta do garoto ser a primeira máquina a nutrir sentimentos, foi também o pioneiro a conseguir sonhar, buscar os seus sonhos e nenhuma outra máquina havia feito, experimentado, sentido isso antes de David. Tudo também é muito questionável. Será que um dia a nossa máquina de lavar irá amaciar as nossas roupas com mais carinho? Ou a cafeteira irá fazer um expresso do jeitinho que todo mundo gosta? Ou quem sabe um dia a geladeira passe a gelar a água em cubinhos de coração!? Sonhos humanos e não das máquinas, compreende? Nós depositamos os nossos sonhos quando criamos as nossas extensões. A extensão da nossa perna, por exemplo, é o automóvel. E, um dia o homem não sonhou em voar? Resultado: a aeronave!
Além do menino-robô aparece outro Meca, JOE, um robô-prostituto que atende mulheres solitárias substituindo dildos e homens. Joe ensina ao David como o mundo dos mecas funciona e ajuda o menino a encontrar a fada azul numa aventura noir futurista. Mas ele não é o grilo falante de David, e sim o ótimo ursinho pimpão: TEDDY que também “foi” um superbrinquedo e o bichinho tem voz de adulto e aconselha David a nunca botar o dedo na tomada. Certamente os personagens são carismáticos, tão bem delineados graças ao toque original de STANLEY KUBRICK. Por falar em Kubrick, seria ele o diretor de A.I., mas infelizmente o grande cineasta nos deixou pouco depois de concluir “De Olhos Bem Fechados” e o projeto caiu no colo de SPIELBERG. Aliás, Steven tem uma relação antiga com o projeto desde 1984 quando o misterioso Kubrick lhe apresentou o projeto pela primeira vez e contou sobre essa fábula futurista de seres artificiais. Spielberg disse que foi uma das melhores histórias que alguém já lhe contou e melhor ainda que este alguém seja um Stanley Kubrick.
Era a primeira vez que Stanley, que vivia uma amizade pessoal com Steven durante 15 anos, havia compartilhado com ele uma premissa para um filme. Segundo Steven: “...ele nunca havia me mostrado “Nascido Para Matar” ou “O Iluminado”, era a primeira vez que Stanley me mostrou uma história.” O motivo era simples, Kubrick sempre achou que Spielberg era o mais adequado para esta adaptação e teve a idéia de ser apenas o co-roteirista e produtor da fita que Steven iria dirigir. Pasmo com o convite, inicialmente Spielberg aceitou, mas trocando faxes diretos com Kubrick durante 10 anos trabalhando no projeto (um era o secretário do outro e mais ninguém tinha acesso ao material), elaborando storyboards, escrevendo o script, etc, no fim, já nos anos 90, Spielberg achou que esta história era ideal para Kubrick – tinha tudo para ser um filme realizado por ele (o próprio Steven disse que preferia), só que mesmo assim, ainda quando Kubrick era vivo, o mesmo mandava a direção para Steven. Ficou um jogando o filme na mão do outro até que finalmente, já na quase pós-produção de ‘Eyes Wide Shut’, Kubrick resolveu que iria ser o diretor e Spielberg o produtor. Bom, o resto vocês já sabem, a trágica morte de Stanley Kubrick em março de 1999 comprometeu A. I. quase que para sempre. Christiane Kubrick (esposa de Stanley) pediu pessoalmente ao Spielberg que ele o fizesse, ou então, segundo ela – o que disse na entrevista a produtora BONNIE CURTIS – “Esse filme jamais verá a luz do dia Steven, se você não o dirigir.”
Portanto, para homenagear o amigo, Spielberg aceitou. Esse respeito que Steven tinha por Kubrick, toda uma admiração pelo saudoso cineasta e pelo fato dele ter amado esta história é claramente visto na fita, um filme que tem muito do toque de Kubrick (nos diálogos principalmente) e acabou sendo o melhor, provavelmente único, GRANDE FILME DE STEVEN SPIELBERG no século XXI (vamos esperar pelos próximos). Acho que Steven fez o seu filme menos pessoal aqui resultando numa fita bem diferente dentro da obra do cineasta. Claro, que mesmo assim, o roteiro (reescrito inteiramente por Spielberg) teve mudanças interessantes e ele adicionou o seu toque também, contudo, INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL é mais como “um filme presente” em memória de Kubrick (é dedicado para ele) que acabou sendo o responsável por adiar outros futuros projetos de Spielberg naquele período, que queria dedicar-se profundamente no filme. A.I. confirmou a aclamação de Spielberg ainda mais após o Oscar por O RESGATE DO SOLDADO RYAN (1998). Foi mesmo uma fase boa.
O filme teve colaboradores de ambas às partes (de Kubrick e Spielberg) que imprimiram trabalhos inspirados em todos os departamentos artísticos. O artista conceitual CHRIS BAKER, na época contratado pessoalmente por Kubrick, continuou a trabalhar na elaboração dos ambientes futuristas. Acho os desenhos dele espetaculares que mostra um viaduto futurista com túneis em formato de faces que “engolem os automóveis” levando-os a “Rouge City” e também toda a arena do “Mercado de Peles”, uma das partes mais bacanas do filme. O produtor JAN HARLAN, de todos os filmes de Kubrick desde “Laranja Mecânica”, também produz o filme e, os artistas de sempre a serviço de Spielberg: o diretor de fotografia JANUSZ KAMINSKI sem duvida, em minha opinião, supera-se aqui colaborando com a fotografia e de todos os filmes do diretor, depois de A Lista de Schindler, é o melhor trabalho dele. A perspectiva da luz é fantástica, sobretudo no último ato.
O músico compositor JOHN WILLIAMS, também deixa a sua marca e que pela primeira vez, compõe algo diferente com música eletrônica que se converge com sua típica e fantástica música operística (o tema musical em que David é deixado na floresta é impressionante) e sem contar no trabalho da equipe dos estúdios de STAN WINSTON que faz toda a parte “artificial” do filme, construindo robôs que em parte são efeitos de CGI (Teddy, quando os robôs velhos estão procurando partes no ferro velho) e em parte realmente física e que também faz um trabalho crucial colaborando na maquiagem – sobretudo do personagem JOE que mudava de colorização em cada programa. Só uma coisa que Spielberg não abriu mão e dividiu créditos, o próprio roteiro. E concordo com ele. Como Spielberg era, além de Kubrick a única pessoa a entender a premissa, passar as idéias centrais a um outro roteirista seria um erro e provavelmente o filme perderia muita coisa e aquele toque original que Spielberg queria manter.
Assim, depois de anos ele sentou e escreveu um roteiro completo (só havia feito isso em CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU). Claro que Steven é um daqueles diretores como Hitchcock que sempre não leva crédito pelos roteiros de todos os seus filmes. Ele colabora sim, bastante (como todo bom e competente cineasta deve interferir), mas segundo ele, os créditos que recebeu em alguns filmes (como POLTERGEIST) não deixavam de ser colaborações, a diferença é sentar e escrever um roteiro para um filme, sozinho. Ele o fez, e acho que Spielberg imprimiu um lindo trabalho de roteiro. Felizmente ele não só preservou Kubrick (se prestar atenção nas falas e se conhece os filmes do diretor decerto saberá o que estou dizendo), como também fez mudanças necessárias. No entanto, assim como Spielberg, acredito (e acho que todos os cinéfilos também) que A.I. ficaria ainda mais espetacular e filosófico totalmente nos moldes Kubrikianos.




O músico compositor JOHN WILLIAMS, também deixa a sua marca e que pela primeira vez, compõe algo diferente com música eletrônica que se converge com sua típica e fantástica música operística (o tema musical em que David é deixado na floresta é impressionante) e sem contar no trabalho da equipe dos estúdios de STAN WINSTON que faz toda a parte “artificial” do filme, construindo robôs que em parte são efeitos de CGI (Teddy, quando os robôs velhos estão procurando partes no ferro velho) e em parte realmente física e que também faz um trabalho crucial colaborando na maquiagem – sobretudo do personagem JOE que mudava de colorização em cada programa. Só uma coisa que Spielberg não abriu mão e dividiu créditos, o próprio roteiro. E concordo com ele. Como Spielberg era, além de Kubrick a única pessoa a entender a premissa, passar as idéias centrais a um outro roteirista seria um erro e provavelmente o filme perderia muita coisa e aquele toque original que Spielberg queria manter.





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