Thursday, March 29, 2012

UNIVERSAL MONSTERS COLLECTION: CAPÍTULO CINCO


A própria MARY SHELLEY conta a história e revela como os principais personagens sobreviveram depois que o cientista Henry Frankenstein criou um monstro com várias partes de cadáveres, e que culminou numa perseguição que acabou em tragédia em uma noite no alto de uma torre que pegou fogo. Assim, a história continua nesta mesma noite quando o cientista louco é convencido por outro médico lunático (Dr. PRETORIUS) a criar uma parceira para o solitário e incompreendido monstro (KARLOFF) que aos poucos começa a falar e entender a sua existência no mundo.



Pode ser mesmo um clichê não apenas em Hollywood, mas na sociedade cinéfila em geral, que o segundo filme nunca é bom como o original, mas se tratando de A NOIVA DE FRANKENSTEIN é um caso até raro, onde a originalidade caminha sozinha nesta continuação, sem ser um apêndice ou dever muito ao filme que o originou. Aliás, eu acho que A NOIVA nem precisa do FRANKENSTEIN de 1931 para levar a premissa adiante, sobre este monstro trágico em um dos filmes mais populares e clássicos do terror. Sim, a sequência foi e ainda é muito aclamada. O lendário BORIS KARLOFF reprisa o seu papel como o monstro, agora com mais destaque e cada vez mais incompreendido. Na verdade é nesta fita que percebemos como o personagem é doce, carismático e que só queria um amigo. Mas ao mesmo tempo ele procura uma parceira quando começa a entender o mundo humano a sua volta, mas claro que ele nunca é bem vindo na comunidade que o teme e querem vê-lo enforcado. COLIN CLIVE também está de volta como o único Frankenstein, menos ambicioso desta vez e assumindo os erros. Todavia, acaba sendo persuadido por um homem lunático, o verdadeiro vilão desta fita, o DR. PRETORIUS (o ótimo ERNEST THESIGER) que se integra ao elenco e se revela como um cientista que também criou inúmeras leis contra a natureza (a criação da vida) brincando de ser Deus. Ainda mais audacioso, cruel e arrogante do que Frank. Ele o convence a criar a noiva para o monstro seguindo a mesma receita de sempre, mas com corpo, partes e cérebro feminino que acaba saindo ELSA LANCHESTER, que além da Noiva, também faz o papel da autora do romance Mary Shelley na introdução da fita.


JAMES WHALE, o mesmo diretor do primeiro, faz este segundo com mais liberdade criativa e muitas das decisões originais que se seguiram nesta continuação, são dele que, além disso, apresenta uma assustadora e linda trilha musical o que o torna como um dos melhores filmes (não apenas do gênero terror), e sim de todos os tempos.

Para época o filme foi muito ousado e criativo, e atrevo dizer que até hoje, provavelmente nenhuma continuação não deveu absolutamente nada ao antecessor como ‘A Noiva’. Isso pelo fato do filme ser auto-suficiente na história que prossegue. Sim, é uma premissa depois da outra, porém mesmo se você não assistiu ao Frankenstein, com a bela introdução que Whale apresenta no começo do filme e o modo como ele estica a narração, é completamente tranquilo poder receber a trama sem problemas. É como um segundo capítulo de uma soup opera. Se não viu o primeiro não tem problema, esqueça e enjoy o seguinte.

O filme é também um dos melhores filmes americanos, perto de CIDADÃO KANE e CREPÚSCULO DOS DEUSES, mesmo para um “filme de terror” o que na verdade, transcende o tempo, e já que a Universal nunca havia dado tanta liberdade artística para um filme de monstro, ‘A Noiva’ acabou se tornando realmente numa obra prima. Tudo acaba sendo mais complexo do que um filme bobo de assustar, há muito mais elementos intelectuais, artísticos e de atuação e que conceitualmente surgiram nesta fita, tudo de militante e genial que um filme de terror já recebeu.
O filme também tem um momento lindo e triste quando o monstro, em meio à fuga, é acolhido por um homem cego que não faz julgamentos com sua aparência e tampouco o monstro à dele. Ambos fumam charutos e tocam música, mas é claro, que no final nada acaba muito bem (melhor não contar).Também Whale consegue unir agradavelmente humor e terror, extremamente bem combinados, e praticamente na mesma cena, quando aparece a ótima UNA O´CONNOR ( de O HOMEM INVISÍVEL) como a empregada da mansão de Frankenstein, Minnie. Quando ela esta em cena com Karloff é gritos pra todos os lados, caras, bocas e corridas.
O mais legal de ‘A Noiva’ é que não há regras, Whale e Karloff criam tudo. Provavelmente a única regra é a imaginação de um jeito gótico e romântico. E, com um tom dramático e bem conduzido em todos os departamentos artísticos. É mesmo uma super-produção, um bom investimento da Universal, que acreditou em James Whale, um diretor de primeira linha que conseguiu ousar com a obra de Shelley e deu mais vazão ao seu universo literário. No entanto a obra da Noiva é mais criação de Whale do que de Shelley que não escreveu uma continuação.
KARLOFF só fez mais um filme como o monstro em O FILHO DE FRANKENSTEIN (1939) e mais tarde, temendo que a história ficasse exaurida, decidiu nunca mais interpretar este papel e partir para outra e até em filmes diferentes.

E o que dizer da figura da NOIVA? Bom, ela é tão icônica que aparece em inúmeros filmes. Só para exemplificar: A NOIVA DE CHUCKY (1998) é uma deliciosa paródia quando o famoso boneco assassino transporta o espírito de sua ex-namorada no corpo de uma boneca vestida de noiva. Na cena que ele a mata, ela está bebendo emocionada assistindo ao filme numa banheira. O Chucky joga a TV na banheira na famosa cena que a Noiva grita ao ver o monstro, eletrocutando a figura patética de Jennifer Tilly.


O filme é também um exemplo perfeito para um estudante de cinema saber como um autor injeta a sua personalidade no trabalho. Passamos uma “noite com James Whale” assistindo A Noiva de Frankenstein, uma fita mais originada do que adaptada.



“ELA ESTA VIVA”! Para sempre viva, graças a um belo filme que transcende o tempo.
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EUA – 1935
TERROR
75 min.
PRETO E BRANCO
FULLSCREEN
LIVRE
UNIVERSAL
✩✩✩✩✩ EXCELENTE
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