Sunday, April 29, 2012

BRASIL MOSTRA O SEU CINEMA PARTE 1

O filme traz a histórica verídica de um rapaz carioca que torna-se bem sucedido traficando drogas. “Meu Nome Não É Johnny” foi um filme muito ajudado pela boa vontade criada pelo sucesso de “Tropa de Elite” (José Padilha, 2007), este filme nacional fez boa carreira comercial, graças também à presença de Selton Mello, atualmente o maior astro do cinema nacional. Obviamente o mais empático e querido ator pelo público, que não decepciona, mesmo num personagem que não acho aprofundado no roteiro, nem tem maiores chance de explicar. Baseado em fatos reais e livro de sucesso, o filme conta a história de João Guilherme Estrela, que nos anos noventa se tornou um bem sucedido traficante de drogas no Rio De Janeiro. Ganhou e gastou rios de dinheiro, porque sua casa vivia lotada de gente numa festa permanente, onde se consumia droga de graça. Chegou a vender para o exterior, mas tudo que ganhou gastou lá mesmo, na Europa. Ou seja, nunca se organizou, nunca contratou capangas, nem repassou a droga.
Ao contrário dos outros famosos traficantes (do cinema), como Denzel Washington em “O Gangster” (Ridley Scott, 2008), ou no notório Scarface com Al Pacino. Esse é em tudo e por tudo um traficante bem brasileiro e com a diferença de ser da classe média alta, escapando do olhar de filmes como Cidade De Deus ou mesmo Tropa. Só mesmo Selton Mello é capaz de dar vida a essa figura, até boêmia, já que o roteiro, a meu ver, não adota a solução mais óbvia, que seria ele mesmo contando a história, fosse em off fosse falando para a câmera.
Assim, nunca ficamos sabendo exatamente quem ele é, e o que pensa - o único momento em que o personagem se abre e mesmo aí poderia estar mentindo. Há certa polêmica sobre a lição de vida que o filme traz, para uns moralista (ele para pelos seus crimes), para outros amoral (já que mostra e desfrutando do dinheiro sujo e gozando a vida, não desenvolve dramaticamente os laços nem com os amigos, nem com a família que fica tudo como pano de fundo). O que mais me chocou, a princípio, foi a estética do filme. Todos os planos são fechados, próximos demais (às vezes parece close de novela) e a ponto de, por vezes, cortar a testa, sem a menor preocupação de colocar em cena a geografia do Rio De Janeiro que pouco se vê ou a época, ficando demais atemporal e ainda mais se tratando de uma cinebiografia.
Esteticamente, é um filme feio, que usa mal a música, que poderia ter a câmera mais nervosa e atuante, uma montagem mais criativa. Tem também uma direção extremamente irregular dos atores, que não sabe tirar a artificialidade de Cléo Pires, erra em muitos coadjuvantes e coloca uma criança nada parecida com Selton que ele vai se tornar, e só funciona ocasionalmente com participações simpáticas como a Eva Todor, sempre adorável. É mais estranho ainda que o filme tome desvios, fugindo um pouco do assunto, se tornando um filme policia diferente, como por exemplo, na adorável sequência com os dois policiais que vem roubá-lo, um bom hiato no meio da história. E, depois, vira um filme de prisão, que creio onde o público melhor reage, já que a palavra fica com um grupo de desconhecidos e muito competentes que povoam o ambiente. Mais estranho ainda é que com tantas deficiências, eu acho o filme resultante. Bom.
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BRASIL – 2008
DRAMA
WIDESCREEN
126 min.
COR
SONY/DOWNTOWN FILMES
14 ANOS
✩✩✩ BOM
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