

“Ouça. As crianças da noite. Que melodias elas fazem”. Esta frase ficou famosa no mundo todo, mesmo existindo inúmeras versões do clássico de BRAM STOKER (inclusive a de Francis Ford Coppola, 1992 com Gary Oldman), nenhuma é tão memorável quanto este original de 1931 realizado pelo especialista do gênero TOD BROWNING (diretor de Monstros- Freaks). Começando nas sombras dos Montes Cárpatos, na Transilvânia, ergue-se o aterrador Conde Drácula, o único BÉLA LUGOSI.
Depois de uma viagem angustiante através das montanhas dos Cárpatos, na Europa Oriental, um homem chamado Renfield (Dwight Frye) entra no castelo do Conde Drácula para negociar e finalizar a transferência de Carfax Abbey em Londres para o Conde que é na verdade um imortal vampiro sanguinário. Renfield é hipnotizado e acaba enlouquecendo, transformando-se em seu servo. Ele protege o Conde de tudo, inclusive durante a sua viagem de navio de volta a Londres quando o vampiro mata a tripulação da embarcação. Chegando lá conhece duas moças, uma delas, Lucy, é transformada em vampira, mas Drácula se volta para a jovem Mina Seward que parece sua amada reencarnada. Ela é filha do Dr. Seward, que fica preocupado e chama o especialista em vampiros, Dr. Van Helsing, para diagnosticar a saúde da moça atormentada pelo morcego, que espreita na névoa. Quando o médico descobre a verdade une forças com o noivo da moça, o herói John Harker, e o Dr. Seward, para deter o vampiro, antes que Mina se torne uma morta-viva.
Esta trama romântica e assustadora do autor Stoker, foi a primeira escolha do produtor e fundador dos estúdios da Universal, CARL LAEMMLE. Drácula foi o primeiro monstro do estúdio (embora exista as versões mudas de O FANTASMA DA ÓPERA e O CORCUNDA DE NOTRE-DAME) que culminou numa série de filmes do gênero após o sucesso inesperado de Tod Browning. No mesmo ano o estúdio produziu Frankenstein com Boris Karloff, dirigido por James Whale, mas Drácula foi lançado anteriormente. A fórmula era para ser lançada quando o estúdio fora fundado por Laemmle em 1915, como um filme mudo. No entanto, só foi finalmente produzido dezesseis anos depois. Drácula foi o primeiro filme de terror falado e a honra foi da atriz e sobrinha de Laemmle, CARLA LAEMMLE, que faz uma ponta dentro de uma carruagem a caminho da Transilvânia e diz: “Entre os escarpados picos debruçados sobre Borgo Pass encontram-se ruínas de castelos de uma antiga época...” [ eis a primeira fala de um filme de terror da história do cinema].
Certamente o filme é hoje em dia inocente demais e até engraçado, para os olhos desavisados da nova era, mas em 1931 as pessoas o receberam de outra forma.
O que mais me fascina é a fama do personagem, que é provavelmente a figura mais conhecida da mídia do século 20, ou melhor, de todos os tempos. Quem nunca leu o livro ou viu o filme sabe exatamente quem ele é.
O mais curioso é que Laemmle tinha sérias dúvidas quanto aos filmes de terror e não queria fazê-los, mesmo tendo um interesse maior na obra de Bram Stoker, mas certamente ele tinha outra visão, mais adulta e dramática. Graças ao seu filho CARL LAEMMLE JR., que insistiu muito em produzir estas fitas, o filme acabou sendo produzido com um roteiro diferente da visão de Laemmle-pai, que deu carta branca ao filho de ser o produtor artístico do filme e dos muitos de monstros a seguir. A universal acabou filmando Drácula três vezes. Primeiro no famoso de Browning em 31 com Lugosi, que vos falo, depois a simultânea versão em espanhol feita para o público estrangeiro (já que não existia equipamento de dublagem, a preferência foi refilmar a história nos mesmos cenários do filme com Lugosi com diretor e equipe espanhola) estrelado por CARLOS VILLARIAS como o Conde. Há cinéfilos que até acham que esta versão é até superior do ponto de vista técnico. Em seguida, veio a versão mais romântica em 1979 com FRANK LANGELLA como o clássico vampiro (a de Coppola aqui não conta porque foi feito na Columbia). Este Drácula personificado por Langella é o mais sexy e ousado, um filme atrevido.
Antes de ser da Universal, Drácula foi publicado em 1897 no livro de Stoker e há mais de cem anos vem sendo sensação de fanáticos do gênero,também em eventos, feiras e convenções. Stoker escreveu um romance sobre sangue e trovadas, assim, o Conde não era, na verdade, atraente, e sim uma criatura horrenda e decrépita. O mais parecido com a visão de Stoker é um filme anterior de uma equipe de cineastas da Alemanha com o longa ‘NOSFERATU’, uma “sinfonia do horror”, como dizem. Ele continua sendo um dos filmes mais assustadores de todos os tempos e foi dirigido por F.W. MURNAU. Um exemplo clássico do expressionismo alemão. Isto é, em Nosferatu não há nada de sexual ou bonito. Ele tem a aparência de um rato e é tão mau, sem tréguas, espalhando uma praga por onde passa. O personagem do filme alemão era chamado de Conde Orlok e foi lindamente interpretado por um ator alemão de teatro chamado: MAX SCHRECK, cujo nome por uma incrível coincidência significa “terror” ou “medo” em alemão. E, sem dúvida, de todos os Dráculas da história do cinema, ele é o que mais personifica a repulsa essencial que era a intenção do criador. Bom, além disto, o estúdio PRANA FILMS que produziu Nosferatu acabou sendo processado pela viúva de Stoker pelos direitos autorais da obra. Visto que na época esta questão legal não era muito discursiva. Então, pelo processo, o filme acabou saindo do mercado e virou CULT.
Obviamente BELA LUGOSI possuía um charme do mundo antigo e acabou se tornando o Drácula mais conhecido com certa qualidade misteriosa e sedutora. Com um sotaque húngaro pesado e olhos expressivos com pouca maquiagem, Lugosi conseguiu enlouquecer as mulheres à época e deixar o público masculino nervoso. Sem mais. Também, Lugosi acabou que ficando extremamente associado ao papel a ponto de as pessoas se referirem a ele como Conde Drácula o que o fez fazer papéis semelhantes ao término da carreira que depois viria ao esquecimento, atuando em filmes baratos de ED WOOD até a sua morte. Segundo Bela: “Drácula era uma bênção e uma maldição. Drácula nunca morre”.
Quando o filme foi lançado originalmente era acompanhado de um discurso final, lido pelo professor Van Helsing que levantava a mão e dizia: “Só um momento senhoras e senhores. Uma palavrinha antes de se retirarem. Esperamos que as memórias de Drácula não lhes tragam pesadelos. Portanto, só algumas palavras de consolo: quando chegarem em casa hoje, com as luzes apagadas, e estiverem com medo de olhar atrás das cortinas temendo ver um rosto aparecer na janela, bem,tentem se recompor e lembrem-se, pois afinal: ESTAS COISAS EXISTEM”!
Para mim, o único e verdadeiro Conde Vampiro.
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EUA – 1931

Certamente o filme é hoje em dia inocente demais e até engraçado, para os olhos desavisados da nova era, mas em 1931 as pessoas o receberam de outra forma.
O que mais me fascina é a fama do personagem, que é provavelmente a figura mais conhecida da mídia do século 20, ou melhor, de todos os tempos. Quem nunca leu o livro ou viu o filme sabe exatamente quem ele é.






Para mim, o único e verdadeiro Conde Vampiro.

TERROR
74min.
PRETO E BRANCO
FULLSCREEN
12 ANOS
UNIVERSAL
✩✩✩✩✩ EXCELENTE
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• No DVD: comentários de DAVID J. SKAL
• A estrada para Drácula
• Filme com música de PHILIP GLASS pelo KRONOS QUARTET – Acompanhe o filme com uma nova trilha musical
• Fotos da produção
• Trailer original
UNIVERSAL PICTURES
CARL LAEMMLE APRESENTAM
ESTRELANDO
DAVID MANNERS. HELEN CHANDLER. DWIGHT FRYE
EDWARD VAN SLOAN Como Van Helsing
Diretor de Fotografia KARL FREUND Edição MILTON CARRUTH
Direção de Arte CHARLES D. HALL Figurinos ED WARE
Maquiagem por JACK P. PIERCE Produtor Associado E.M. ASHER
Roteiro de GARRETT FORT
Baseado no Romance de BRAM STOKER e na peça de
HAMILTON DEANE e JOHN L. BALDERSTON
Produzido por CARL LAEMMLE JR. TOD BROWNING
DIREÇÃO TOD BROWNING
UM FILME UNIVERSAL ©1931
CARL LAEMMLE APRESENTAM
ESTRELANDO
DAVID MANNERS. HELEN CHANDLER. DWIGHT FRYE
EDWARD VAN SLOAN Como Van Helsing
Diretor de Fotografia KARL FREUND Edição MILTON CARRUTH
Direção de Arte CHARLES D. HALL Figurinos ED WARE
Maquiagem por JACK P. PIERCE Produtor Associado E.M. ASHER
Roteiro de GARRETT FORT
Baseado no Romance de BRAM STOKER e na peça de
HAMILTON DEANE e JOHN L. BALDERSTON
Produzido por CARL LAEMMLE JR. TOD BROWNING
DIREÇÃO TOD BROWNING
UM FILME UNIVERSAL ©1931

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